"Existem dois tipos de pobreza: aquela que, em determinados países, só atinge uma minoria, e aquele que, em outros países, atinge todo mundo, com exceção de uma minoria."
(John Kenneth Gabraith)
O problema central dos marginalizados reside no fato de que eles, por si sós, se encontram impossibilitados de sair desta situação. Sua falta de participação no processo histórico do país é fortemente condicionada por fatores estruturais. Sua integração na sociedade nãose dá porque eles não querem, e sim porque eles não podem. Faltam-lhes condições não apenas subjetivas, mas também objetivas.
A ponta inicial da corrente da marginalidade está geralmente na pobreza e na miséria econômicas. Dela se originam as carências alimentares, as dificuladades na escolarização, os obstáculos à ascenção social, as barreiras e limites na participação política, as deficiências em relação à saúde, além de outros malefícios.
O processo de marginalização e exclusão social no país apresenta sintomas generalizados, tanto nas cidades quanto nas zonas rurais: favelização, criminalidade, prostituição, mendicância, desemprego e subemprego, desnutrição ou carências alimentares, debilitamento de saúde pública, menores abandonados ou carentes, condições precárias de habitação e higiene, desagregação familiar, promiscuidade etc.
Muitos marginalizados (índios, posseiros, sem-terra, favelados etc.) têm capacidade de se organizarem e agirem por conta própria em defesa do que consideram ser seus direitos. Necessitam, é verdade, de ajuda, assistência, assessoria, colaboração e apoio, de pessoas e entidades, mas têm condições e cabeça para conduzirem eles próprios suas bandeiras de luta. Deixam de ser objetos. Saem da passividade e do conformismo. Passam, cada vez mais, à condição de sujeitos, também capazes de fazer história. A sociedade civil, inclusive a grande parcela marginalizada já possui um grau de maturidade e capacidade organizacional que lhe permite dispensar o paternalismo, quer do Estado quer de outras entidades. Já tem discernimento bastante para reivindicar soluções adequadas para seus problemas concretos. É preciso superar a visão paternalista que leva numerosos políticos, intelectuais de esquerda e de direita, autoridades e homens de governo a desconhecer o sólido bom senso, a inteligência e capacidade de organização e de ação de que são dotados as pessoas mais simples, principalmente em relaçõa a problemas próximos, cotidianamente sofridos.
Criminalidade |
Péssimas condições de higiene e habitação. Infelizmente, no Brasil, muitas pessoas ainda sofrem com esse problema. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário