Nas ciências, a revolução também acontecia. Principalmente na Física, com a Teoria da Relatividade, de Einstein, e na Mecânica Quântica, que chocou muitas mentes conservadoras.
No Brasil, o modernismo foi trazido por intelectuais que tinham viajado à Europa. O maior evento de propaganda das novas ideias foi a Semana de Arte Moderna, em São Paulo, em 1922.
Os três músicos, de Pablo Picasso (1921) |
As pessoas que viviam nas grandes cidades do Ocidente, no começo do século XX, tinham a sensação de que a maneira tradicional de ver o mundo e de viver nele estava se dissolvendo. O velho estava se acabando, e o novo brotava. Para começar, toda a Europa sentiu a devastação provocada pela Primeira Guerra Mundial. Em seguida, o mundo foi abalado pela Revolução Russa em 1917. Ela entusiasmou milhões de trabalhadores e intelectuais. A guerra simbolizava a destruição completa e a revolução simbolizava a reconstrução do mundo.
A ideia de arrebentar o passado e moldar uma outra civilização empolgava os corações e as mentes de muitas pessoas de todo o planeta. Esses sentimentos atingiram em cheio os artistas, escritores e cientistas, na Europa, nos EUA e na América Latina. Também eles queriam chutar o passado e criar o futuro.
A revolução nas ciências
No início do século XX, a ciência também viveu a sua revolução. Tudo começou com a célebre Teoria da Relatividade, do físico alemão Albert Einstein (1879-1955). Ele foi, disparado, o cientista mais influente do século. Virou de cabeça para baixo todos os fundamentos da Física, alterou radicalmente tudo aquilo que os cientistas compreendiam do espaço, do tempo, da matéria e da energia. Revelou que o Universo é, na verdade, bem diferente do que aquilo que enxergamos no dia-a-dia.
Einstein disse que o tempo não é absoluto, ou seja, não passa de modo geral em todos os lugares. O tempo e o espaço são relativos, dependem da velocidade do observador. Quanto mais próximo da fantástica velocidade da luz (aproximadamente 300 mil quilômetros por segundo), maior será a mudança em relação a um observador parado.
Einstein também mostrou que a matéria e a energia se equivalem. Esse é o significado da famosa equação matemática E = mc², que teve grande utilidade na fabricação de usinas nucleares, e infelizmente, das bombas atômicas (um pouco de matéria radioativa produz uma quantidade gigantesca de energia, que destrói tudo em volta).
No começo do século, os cientistas também se preocuparam com a intimidade da matéria. Hoje em dia, qualquer estudante razoável sabe que as coisas são compostas por átomos e que esses possuem um núcleo e alguns elétrons. Mas quando foi que que os cientistas souberam disso? Não faz muito tempo. Em 1897, o inglês Thompson descubriu a existência dos elétrons. Outro inglês, Rutherford, identificou o próton no núcleo do átomo (1914). Seu compatriota Chadwick completou a glória encontrando o nêutron (1932). Logo em seguida, o alemão Heisenberg mostrou que os núcleos dos átomos eram compostos por prótons e nêutrons. Pois é, isso que hoje você aprende na escola foi descoberto com muito estudo, criatividade e pacientes experimentações dos cientistas. Não é emocionante compartilhar suas descobertas?
Tão importante quanto a Teoria da Relatividade de Einstein foi a descoberta da Mecânica Quântica no começo do século. Essa teoria produzida com a colaboração de muitos físicos notáveis: os alemães Schrödinger, Max Born, Max planck e Heisenberg, os franceses De Broglie e Dirac, o dinamarquês Niels Bohr. Ela mostrava que as partículas elementares (próton, nêutron, elétron etc.) não seguem as leis da natureza descobertas por Newton e que explicam os movimentos dos objetos comuns. É como se as partículas elementares fizessem parte de outro tipo de Universo, com sua própria maneira de funcionar. A Mecânica Quântica também superou a Física clássica na compreensão da energia e da luz.
Teoria da Relatividade
Imagine que dois gêmeos sejam separados depois do nascimento. Um deles faz uma viagem de alguns anos numa nave espacial com velocidade próxima à da luz. O outro permanece na Terra.
Pela Teoria da Relatividade, o relógio do bebê espacial anda mais devagar do que o relógio do bebê terrestre. O que significa que o bebê espacial envelhece mais devagar. Anos depois, quando ele retornasse à Terra, estaria muito mais jovem que seu irmão gêmeo que ficou. Incrível não? Esse fato já foi comprovado por experiências científicas.
A Medicina avança
Os avanços da Medicina no século XX foram os mais espetaculares da história. Doenças que matavam ou mutilavam milhões de pessoas passaram a ser curadas. Isso foi possível, em primeiro lugar, graças ao crescimento econômico. Nos países ricos, os governos deram muito dinheiro para as universidades a fim de formar profissionais competentes e para pesquisar. Claro que eram países que valorizavam a educação, o estudo, a ciência, a pesquisa.
Não dá para falarmos de tudo o que foi descoberto na primeira metade do século XX. Vamos nos concentrar naquilo que foi mais espetacular.
Todos nós herdamos uma porção de características físicas de nossos pais e avós, como a cor dos olhos, a altura, o formato do nariz, a voz, o tipo sanguíneo etc. Como se explica essa transmissão? Esse é o objeto de estudo da Genética. Só no início do século XX as leis fundamentais da Genética, formuladas havia algumas décadas pelo austríaco Mendel, tornaram-se amplamente conhecidos pelos cientistas. Foi Mendel quem mostrou, por exemplo, que um pai e uma mãe de escuros poderiam ter filhos de olhos claros. Já em 1902, constatou-se que os fatores genéticos estavam contidos em umas estruturas miúdas existentes nas células de quase todos os seres vivos: os cromossomos.
Em 1907, o químico alemão Ehlich percebeu que cada tipo de tecido animal pode ser afetado de forma diferente por compostos químicos. A partir daí, os cientistas se concentram em pesquisar que tipos de mudança uma substância química poderia provocar no organismo de uma pessoa. Pronto: produzir remédios havia se tornado uma ciência. Os remédios mais importantes foram os antibióticos. Descobertos pelo escocês Fleming (1928), um que chegou a ser utilizado nos hospitais de todo o mundo foi a famosa penicilina (1940). Antes dessa data, era comum as pessoas sofrerem um ferimento ou uma cirurgia e, dias depois, morrerem de infecção - ou então terem de amputar um membro. Os médicos nada podiam fazer. Pois bem, o antibiótico acaba com as infecções. Ele é uma substância química, produzida por microorganismos, que extermina as bactérias causadoras de infecções. Uma maravilha! A terrível tuberculose, por exemplo, que tanta gente matou, finalmente podia ser curada por um remédio.
Melhor ainda do que curar a tuberculose é não contrair tuberculose. Isso foi possível graças à descoberta da vacina BCG pelos franceses (1921).
Durante séculos, as pessoas também morriam por ter perdido sangue demais. Alguns médicos tentavam fazer transfusões de sangue (injetando na veia do doente o sangue de uma pessoa sadia), mas os pacientes geralmente morriam. Até que o austríaco Landsteiner descobriu os diversos tipos sanguíneos (A, AB, B, O) e as regras para combiná-los (1900). A partir daí, milhares de vidas puderam ser salvas.
O estafilococo é uma bactéria na mira dos antibióticos (descoberta de Alexander Fleming, 1928). |
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